sábado, 12 de novembro de 2011

Seguindo para o caribe!

Atenção:
Esta é a nossa primeira publicação usando o sail-mail - e-mail enviado via rádio de longo alcance. Assim, não temos como publicar fotos ou filmes. Os mesmos serão carregados na primeira parada onde houver internet de qualidade.

Primeira parada, Luis Correia


Nestes quase cinco dias de navegação que durou esta etapa, relato:
A saída de Natal foi por volta das onze horas com sol, mas logo após sairmos da barra do rio Potengy, uma forte chuva nos assolou, obrigando a todos fechar capotas e usar abrigos contra a chuva. Algumas horas depois, como sempre acontece por aqui, a chuva se foi o sol voltou a brilhar.
Depois disto, a viagem correu tranquilamente com um vento bom e favorável, tornando as coisas muito tranquilas para nós (deu até para instalar o suporte da balsa salva vidas, que estava guardada na cabine de popa desde Recife).
Porém, no decurso do terceiro dia, notamos que o defletor de radar que fica instalado no alto do mastro havia se partido. Esta peça, que é uma "colméia" de alumínio envolto em um tubo de acrílico, colocava a vela mestra em alto risco de rasgar, sendo necessário então sua retirada. E assim foi feito. Com uma escalada no mastro em plena navegação, a peça foi retirada eliminando o risco.
Mas, como diz o ditado: Desgraça pouca é bobagem, na madrugada do quarto dia (e é claro não podia ser de dia!), fomos surpreendidos por um famoso "Pirajá", que é uma mudança brusca do tempo com fortes chuvas e ventos (muito comum no Nordeste). Não deu outra, numa aceleração rápida do vento e sua mudança de rumo, nossa retranca (peça que suporta a parte inferior da vela mestra) mudou de lado com tanta força que arrebentou o cabo que a prendia, destruindo parte da peça que a suportava (esta peça é chamada de "burro").
Bom, após a correria inicial para "segurar" o barco navegando, improvisamos um suporte para a retranca, e deixamos o conserto para a parada em Luis Correia (lembrei mais uma vez daquela famosa frase: Cruzeirar é reparar seu barco em lugares exóticos!) .
Quando da chegada em nosso ponto de encontro, constamos que os outros dois veleiros, Andante e Plâncton, apesar de navegarem próximos, não pegaram o Pirajá, o que fica constatado que o este fenômeno metereolôgico, ocorre somente em uma pequena área.
Nossa parada em Luis Correia que era só para descanso, acabou virando também parada para manutenção. Mas tudo deu certo, e na tarde do dia seguinte, já estávamos no mar.

Segunda parada, Ilha dos Lençois

Diferente do primeiro trecho, a navegação até a Ilha dos Lençóis correu sem sobressaltos.
Tivemos um mar um pouco mais agitado e ventos mais fracos fazendo com que o barco balançasse muito e tornando a vida a bordo um tanto quanto desconfortável. Mas isto já é parte da vida do velejador.
Com o uso do piloto automático, a rotina dentro do barco em uma navegação prolongada é o que mais preocupa. Temos que estar sempre buscando algo para fazer.
Alguns ajustes na vela, uma olhada no curso, uma vistoria geral nos cabos e roldanas e pronto, já se fez tudo. Depois, a busca para alguma distração começa. Ou ler um livro (para aqueles que não enjoam é claro), ou cochilar (opção da maioria), ou simplesmente aproveitar o visual do mar.
Outro bom passatempo é a cozinha, que apesar dos nossos poucos recursos em equipamentos, variedade de alimentos e o principal, experiência, temos nos arranjado bem. Já saiu arroz com feijão e ovo; macarrão com molho de calabresa; saladas de tomate; cenoura e cebola; carne seca acebolada e mais algumas outras "delícias". Para quem é do ramo, vai achar tudo muito simples, mas para mim, que até dois meses atrás nem sabia preparar um arroz direito, a evolução é grande!
E como todo bom mestre cuca gosta de passar sua receita especial, aqui vai uma que usa poucos equipamentos é super fácil de preparar e usa como base alimentos que literalmente chegam voando:
Peixe voador frito:
Bem cedo pela manhã, recolha todos os peixinhos que estiverem no deck do barco.
Limpe-os, tempere com limão e sal e passe em farinha de trigo.
Frite em óleo quente.
Pronto, você terá um prato gostoso e muito nutritivo.

Sobre a Ilha dos Lençóis.

Cercada por um manguezal de um lado e uma enorme duna do outro a Ilha dos Lençóis é o típico paraíso do sossego.
Ancoramos o Allegro junto com Andante e o Plâncton na pequena baia em frente a uma vila de pescadores, que conta já com quase 300 habitantes.
Na vila, existem apenas dois pequenos comércios onde é possível conseguir víveres e, na venda da dona Laura, se pode conseguir uma refeição boa e a custo adequado (e cerveja gelada é claro!).
Nos três dias que ali ficamos ancorados, andamos pelas dunas, fomos à praia e circundamos o manguezal para ver o bando de Guarás que ali habita.
Apesar do mar muito agitado tanto na entrada e saída, a parada na Ilha dos Lençóis foi providencial para um descanso e correspondeu às expectativas passadas pelo pessoal de Natal, pois a beleza e a tranqüilidade do local são realmente encantadoras.

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário